O "Mais Médicos" e as Cotas Universitárias
Atualmente, o Brasil sofre com a falta de médicos. Ainda que alguns oportunistas digam o contrário, há uma carência enorme de profissionais da saúde nas periferias dos grandes centros urbanos e nos rincões espalhados pelo país. Os que falam o contrário disso, certamente, nunca precisaram do SUS. São pessoas que não conhecem a realidade verdadeira da maioria do povo brasileiro. E só quem sabe é quem está vivendo essa realidade. Se procurarmos respostas nos lugares certos, veremos que não é apenas a falta de médicos que tem afligido a população. Entre os profissionais que atendem pelo SUS, alguns na verdade, deveriam até ser demitidos pelos maus serviços prestado.
A construção da Escola de Medicina se deu exclusivamente por/para esse fim. Na verdade, médicos brasileiros não gostam de tratar pessoas pobres, embora existam exceções. Mas, até quando isso acontece vem como um "sacerdócio" ou uma ajuda humanitária ou ainda, um emprego temporário. O negócio do médico brasileiro não é estar em postos de saúde da periferia, tratando de moradores de favelas ou moradores de morros. Cuidar de moradores de rua? Nem pensar!
A ideia que temos do médico comprometido em salvar vidas, ainda que estejam enfrentando adversidades, não faz mais parte do imaginário popular. O descaso com a saúde tem como principal entrave o perfil do paciente. Atendimentos a pobres, negros e desempregados, geralmente ocorrem com muito desinteresse e muitas dificuldades.
Bem sabemos que a falta de medicamentos, leitos, hospitais, não é mais importante que a falta do principal personagem dessa emblemática discussão. O médico é fundamental neste processo. Ele é essencial, portanto, ainda que falte tudo, pois de que adiantaria um hospital super equipado, sem médicos?
É justamente para suprir essa demanda que surgiu o programa "Mais Médicos". E é justamente, e igualmente, para suprir essa demanda, onde se encaixa a adoção das Cotas Universitárias, que deu condições para que os filhos da classe pobre pudessem ingressar também nos cursos de medicina. Em mais alguns anos, o Brasil receberá uma leva de profissionais de medicina oriundos de favelas e morros. Dessa forma, o país estará em outro patamar na saúde, e o governo disporá de mecanismos e condições para receber esses novos profissionais, que, diga-se de passagem, a iniciativa privada não vai querer contratar.
Portanto, não estou aqui pondo em dúvida a formação médica e a capacidade de execução da função de negros e pobres formandos em medicina, mas chamando a atenção para uma prática absurda que acontece no Brasil desde o seu descobrimento, onde valor só tem quem é burguês. O que todos nós sabemos, não é verdade. É preciso acabar com isso. E não dá mais pra ficar assim. Então, que venha o "Mais Médicos".
Texto escrito pelo leitor do blog: E. Xavier.
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