Trotes universitários: ritual ou caso de polícia?

Que a sociedade brasileira é adepta a cultos religiosos, a ritos como candomblé, macumba, magia negra e outras doutrinas é sabido. Assim como também é sabido que o jovem brasileiro é sociável por natureza, e se apega a dogmas e ideologias para sentir-se em um grupo e assim ser reconhecido - e não se achar tão inútil e isolado dentro de uma sociedade. O que não dá para entender é como ainda há esses trotes universitários. Rituais perversos que partem, justamente, de dentro das universidades, locais que tem por obrigação formar alunos com "cérebros lúcidos e pensantes".

Trote: brincadeira sem graça

O que era para ser uma divertida passagem para a vida universitária vem se tornando cada vez mais um ritual de violência, de humilhações e agressões e, pior, tendo ainda as imagens expostas na internet, para serem vistas por todos e apreciadas pelos próprios autores dos atos.

O último e recente trote ocorreu com novatos da 37º turma de Medicina da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) em São Paulo. Eles foram barbaramente agredidos a 17 km do Campus. Levaram tapas e cuspidas no rosto, foram obrigados a colocar um fígado podre de boi na cabeça e ajoelhar, beijar os pés dos "antigos", e ainda tiveram partes do corpo queimados com creolina - tudo sob a ameaça de sofrerem agressões se não cumprissem as ordens.

Ovos, farinha e ketchup eram arremessados nos alunos, e as meninas ainda foram forçadas a beber etanol e a tomar cerveja contra suas vontades. Algumas delas tiveram suas roupas rasgadas (incluindo as peças íntimas), e um aluno teve veneno de carrapato aplicado em seu corpo (Fonte: Fantástico).

Para quem não sabe, o trote e a humilhação pública é crime. Os acusados podem responder por constrangimento ilegal e injúria (que inclui lesões corporais), e a pena pode variar de três meses a um ano de prisão. E eu penso que já está mais do que na hora dessas coisas absurdas acabarem.

12 Comentários:

Carlos Emerson Jr. disse...

Tipicamente uma tradição idiota, quero dizer, no aspecto da violência e humilhação. Se os diretores das escolas começarem a denunciar esses "veteranos" polícia, pode ser que melhore.

Um abração

Fábio Mayer disse...

É crime, e o aumento desmesurado da violência desses atos reflete apenas o baixo nível dos universitários de hoje em dia.

É a tal coisa, universidade é coisa de elite intelectual no mundo inteiro (e bem dito, INTELECTUAL, não social), mas no Brasil, onde há sistemas de quotas e onde o mérito escolar não é adotado para escolher quem entra nas escolas, qualquer mané vira acadêmico, e dá nisso... transportam seus péssimos valores morais e intelectuais para dentro da universidade.

Irene disse...

Olá, Neto !!!

O mais revoltante nesses trotes é o conheçimento publico de que alguns universitários (pessoas que deveriam ser esclarecidas e exemplos para os demais membros da sociedade) são criminosos crueis. Como vc disse, as humilhações impingidas aos calouros são crimes; em outras palavras, são casos de policia. Em resumo, uma parcela dos universitários que têm acesso a educação privilegiada, que são nossos futuros profissionais e que são componentes de uma unidade educacional que se orgulha de produzir "cabeças pensantes"....essas pessoas, que tinham tudo para serem cidadãos modelos, são criminosos e desumanos.
Não sou contra os trotes; sou contra o excesso nos trotes.
Já vi trotes universitários serem divertidos para calouros e veteranos, pois o objetivo original do trote não é humilhar; é fazer a integração social entre calouros e veteranos. Os atuais trotes, em sua maioria, se baseiam em humilhação, medo e dor.
Na minha modesta opinião, esse constante exagero nos trotes é uma especie de denuncia contra uma sociedade que é cada vez mais violenta, afinal, devemos lembrar que a etica apresentada por esses universitarios reflete a etica que adquiriram junto ao convivio social e familiar.

OBS: Neto, obrigada pelo seus comentários gentis em meu blog. Sua gentileza é, de fato, notória e marcante. Obrigada, ainda, pelos elogios. Enfim, obrigada por me brindar com a sua presença constante....vc demonstra ser uma pessoa muito educada e isso é uma caracteristica, realmente, especial.

Um abraço !!!!!!!

Carlos Eduardo da Maia disse...

Como tudo é relativo, tudo depende. Ninguém vai acabar com os trotes que fazem parte de uma tradição, mas a violência absurda nos trotes tem sim de acabar e em certos casos deve-se chamar a polícia. Parabéns pelo Blog que coloquei no meu blogroll.

Valdeir Almeida disse...

Concordo com você, Neto.

É necessário que a lei seja aplicada para dar exemplos. Assim, esses idiotas verão que também serão punidos se receberem os novatos com violência e humilhação.

Quando entrei na universidade, fiquei, tive um misto de sentimentos: alegria e pânico. Alegria por estar entrando no nível acadêmico, e em pânico por achar que eu poderia ser vítima de trote.

Mas, graças a Deus, a UEFS não isso. Pelo contrário, existe o trote cultural e solidário.

Abração, meu amigo, e uma ótima sexta-feira.

Daniel Savio disse...

Para mim, este tipo de ato não é um trote, é simples ato de violência gratuita, pois para que não fazem uma trote para doar sangue, ou uma churrascada?

Fique com Deus, menino Neto.
Um abraço.

João do caminhão disse...

Se essa cultura ridícula existe em nosso país é porque o calouro se sujeita a isso.

VELOSO disse...

É PRECISO ACABAR COM OSTROTES VIOLENTOS COMO TAMBÉM COM A VIOLÊNCIA NOS ESTÁDIOS É URGENTE ANTES QUE FUJA DE CONTROLE !

Junior Silva disse...

Olá, e retribuindo a visita!

Fico me perguntando também; que tipo de pessoa se deixa se sujeitar a esse tipo de trote?
Esses trotes são casos de polícia realmente, e deveria ser cada vez mais coibido.
Seria tão mais interessante o trote social, ajudar instituições de caridade, idosos, crianças, participar e realizar palestras antidrogas, prestar serviços voluntários...

Abraços, e vou passar a seguir o blog.

rocosta disse...

Aqui em São José temos uma enorme universidade e o trote é solidário. Os veteranos ficam na porta convidando (não obrigando) os calouros a doar sangue. É bem bacana!
Abraço!

Adelson (Gerenciando Blog) disse...

Olá, Neto!

Sempre fico revoltado ao ver que os trotes violentos continuam, apesar dos absurdos mostrados a cada ano. O próprio termo "trote" já carrega um significado pesado e negativo.

Eu sempre fui aquele cara "chato", que não me sujeitava aos trotes mas também não os aplicava nos "calouros" nos próximos anos. Grande parte do problema está aí: o "coitado" que hoje sofre o trote transforma-se mesmo vândalo que o cometerá nos anos seguintes.

Como conscientização e educação não parecem resolver o problema, a saída devia ser uma política de tolerância zero contra o trote: expulsão da faculdade e processo criminal contra quem dele participa.

Um abraço!

Bruno Conti - bconti@unimedregistro.com disse...

Bom dia Neto...

Só uma dica, antes de postar qualquer informação em seu blog, seria bom confirmar a história. Com certeza, acho que o trote anda pra lá de violento, o que fizeram na UMC foi no minimo triste. Mas vc escreveu algumas coisas que não dizem respeito à UMC. "(...)e ainda tiveram partes do corpo queimados com creolina(...)" Esse episodio não aconteceu na UMC!

Um abraço!

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