José Serra e o medo da derrota

Dizem os sábios: "O medo de perder nos tira a vontade de ganhar".

Após ver as últimas pesquisas realizadas sobre os candidatos à presidência do Brasil (CNT/Sensus) em que mostra um empate técnico da ministra Dilma Rousseff com o governador de São Paulo, José Serra, que a cúpula do PSDB e os seus aliados pressiona o então governador para definir-se logo como o candidato oficial do partido. Até mesmo a conceituada revista inglesa The Economist, em um artigo, ironizou a indecisão de Serra em lançar-se candidato à presidência do Brasil, e escreveu assim: "O caótico sistema multipartidário brasileiro é perverso com quem vê o trem passar e não sobe nele... Serra precisa começar logo, se não quiser ser lembrado como o melhor presidente que o Brasil nunca teve".

Em minha modesta opinião, a melhor definição para o Serra foi dita pelo Leornardo Atucch, em sua coluna na revista Isto É dessa semana. Ele lembra:

"Fosse um jogador de futebol, Serra seria aquele que o técnico jamais deveria escalar para bater um pênalti num jogo decisivo. Ele desmaiaria antes da cobrança.(...) Ainda que a prudência seja uma virtude na política, não há exemplo de homem público que tenha conquistado algo realmente grande sem uma boa dose de audácia. Ousadia, atrevimento e coragem são atributos essenciais do líder. Nem sempre garantem o sucesso, mas o fato é que o medo da derrota é o caminho mais curto para o fracasso. Na política, como na vida, vence aquele que enxerga uma oportunidade e se agarra a ela. Perde quem pisca".

Concordo com o colunista e digo mais: mesmo sabendo que é ilegal dizer-se candidato antes da data prevista pelo TSE, e que nesse ponto ele tem razão, penso que o indeciso e complexo José Serra, na verdade, ao pensar sobre o desafio de como ser um presidente melhor do que o Lula vem sendo hoje para o Brasil, talvez não esteja com medo de perder. Talvez o medo dele seja o de ganhar.