Como sobreviver a uma dor de corno - As lições do Mestre Lupi

Lupicínio Rodrigues era calvo, tinha o bigodinho no estilo Jeca Tatú, e nem de longe lembrava um galã, um pop-star ou um astro do cinema. Ainda assim, entre os machos da antiga que merecem nosso respeito, o compositor de Porto Alegre ocupa um lugar de destaque. Lupicínio, o mestre Lupi, cultivava a refinadíssima arte de saber apanhar. Como bom malandro, por mais porradas que levasse do destino (e olha que recebeu muitas, e umas até de matar) ele nunca beijava a lona.

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Nas seis décadas em que viveu (1914-1974), Lupicínio Rodrigues frequentou com desembaraço searas míticas da masculinidade: serviu o exército durante cinco anos, trabalhou como mecânico de automóveis e bondes, comandou churrascarias, fez o hino do Grêmio e, acima de tudo, habitou mesas de bar e boates. Devotou-se tanto às noitadas que amargou terríveis desilusões amorosas. As mulheres com quem se relacionava exigiam dele que largasse as farras. Como ele não as obedecia, acabava tomando o cartão vermelho. Porém, em vez de ir ao chão e à nocaute, Lupi vingava-se de cada abandono extraindo música - e, das músicas, dinheiro. Muito dinheiro.

Quando faleceu, o mestre Lupi deixou cerca de 150 canções gravadas e a fama de retratar como ninguém as diferentes fases de um pé na bunda: da dor-de-cotovelo (termo que, reza a lenda, inventou) à gloriosa volta por cima.

Se você tem o coração em frangalhos por uma mulher escute as canções do velho Lupi. Se você não tem, escute-as mesmo assim. Vai que um dia o bicho pega pro seu lado... ;-)

13 lições do mestre Lupi para quem vive a Dor de Corno.


1- Reconhecer que mesmo a mais sólida das casas pode um dia cair.
2- Pular a cerca quando a relação começar a ruir e culpar a patroa pela infidelidade.
3- Pressentir que a patroa barraqueira está quase pulando a cerca também.
4- Admitir humildemente que a patroa barraqueira pulou a cerca e se mandou.
5- Encher a cara para curar a dor de corno.
6- Humilhar-se na esperança de que a ex-patroa amada volte.
7- Tornar-se um poço de ceticismo e amargura nas relações (depois que ela não voltou).
8- Abrir os olhos e sacar que nenhuma dor, incluindo a de corno, dura para sempre.
9- Confiar que, de fato, o mundo dá voltas.
10- Humilhar a pilantra barraqueira que o humilhou.
11- Humilhar de novo a pilantra barraqueira que o humilhou (para ficar 2 X 1 no placar).
12- Chutar de trivela o cachorro morto.
13- Correr para o abraço.

PS. Quer conhecer melhor o trabalho do velho Lupi? Ouça o CD Coisas Minhas (BMG). Pura relíquia. Pura arte. :-)

1 Comentários:

Anônimo disse...

todos brincam com esse negocio de ser corno, mais deve ser uma dor terrivel descobrir que tem alguem fazendo tudo com sua esposa ou namorada, não consigo nem imaginar eu nessa situação, por isso que vemos muitos casos de gente que mata, preferindo ver sua companheira morta do que com outro, acho que nesse caso para o homem é mais dificil de aceitar do que para a mulher.tenho um amigo que ficou magro e acabado quando acabou seu casamento,demorou bastante tempo ate ele se recuperar.

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