Sandy faz anal e daí?

Às vezes eu acho o mundo bobo, maledicente e hipócrita. Sabe porque? Por causa dessas polêmicas bestas e essas discussões inúteis. Tenho mesmo a impressão de que ninguém está mais a fim de levar a vida muito a sério. E daí que a Sandy faz anal? Nem discuto se a cantora disse isso com todas as letras, se a revista deturpou as palavras dela, ou se dar o cu é, de fato, dor ou é prazer (aquela questão mitológica do tipo quem veio primeiro: ovo ou galinha).

Eu fico impressionado é ver como a vida particular das pessoas interessa tanto às outras. Assumir homossexualidade, por exemplo, dá sempre manchete de jornal. Bissexualidade, então, é a tendência da estação. Ser gay, é cool, é a moda da hora. Mas a pergunta é: Por que é tão importante saber o que um parente, amigo, colega de trabalho, um ídolo do cinema ou da música faz entre quatro paredes?

E por que algumas dessas pessoas também têm a necessidade de se expor publicamente? Tudo isso é muito estranho.

Me lembro que entre a infância e a adolescência, morei em frente a um pensionato para mulheres. E entre as pensionistas, havia uma jovem, bonita, e solteira. A vida dos vizinhos era especular a condição sexual dela. Uma nuvem de fofoca perseguia a moça enquanto ela passava pela rua, simpática, carregando sozinha as sacolas do supermercado. Outra moça, também bonita, vivia na boca do povo por, supostamente, manter um caso com um homem casado. Se as teorias eram todas verdade ou imaginação, pouco importava; o que valia era especular.

Minha avó, lá no interior, já dizia que "viver a vida dos outros" era coisa de gente com pensamento pequeno, desocupada, que não gostavam de si mesmas. E fora o fato de que os atuais programas de TV e as revistas mais vendidas nas bancas estimulam isso, parece-me que estamos vivendo uma cultura onde a vida dos outros, e o que consideramos erro nos outros, é um incrível barato; um palco para o divertimento.

O que é isso pessoal! Vamos deixar de ser hipócritas e deixar a Sandy dar o cu em paz.