O preconceito na adoção de uma criança

Ontem, eu tive acesso à pesquisa sobre o andamento da adoção no Brasil. O cadastro de adoções do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) revela que 53% dos casais inscritos para adoção não fazem nenhuma restrição à raça da criança, mas 37% - 11,316 do total de 30,378 de pais inscritos - deixam claro: só aceitam receber em seus lares crianças brancas.

Ou seja, para estes adultos, se houver uma criança disponível com outra cor de pele que não a branca, a adoção não será considerada.

criança-adoção

É verdade que o futuro papai (ou mamãe), ao adotar, tem o direito de escolher a cor daquele que será seu filho, mas, se esta forma não configura-se preconceito não sei mais o que é preconceito. Para mim, não é a cor da criança que mostrará seu caráter. De acordo com a pesquisa e os números do cadastro, dos 30,378 pais inscritos, 47% são irredutíveis; fazem questão de escolher a cor da pele do futuro filho, e não querem filhos negros.

Além das exigências caucasianas, 5,81% (1.764 casais) só aceitam uma criança se for de pele parda. Poucas (1,9% do total) são as que aceitam uma criança negra, e apenas 1% aceita uma criança indígena. De um total de 7.949 crianças e adolescentes para adoção, a maioria é de cor parda, e estão disponíveis apenas 2.411 crianças brancas - o equivalente a 30% do total.

A meu ver, essa pesquisa revela um dado estarrecedor. Hoje, ainda é muito forte a fantasia de que a adoção deve obedecer os critérios da família biológica. O discurso que se tem é o de que a criança não pode se sentir diferente das outras, mas, ao não aceitar as negras, os futuros pais mostram sim uma forma de racismo.

Fonte: G1
Saiba como adotar: aqui

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