Ronaldinho Carioca: o amor à camisa morreu!

Quando o Sport Recife, meu time querido, perdeu para o Palmeiras na ilha do retiro e saiu da Libertadores, em 12 de maio de 2009, eu quase chorei. Enfiei a cabeça entre as pernas e fiquei com os olhos vermelhos e inchados, soluçando. Minha esposa, compadecida de minha situação, me abraçou e disse uma coisa que ficou na minha cabeça por vários dias: - "Neto: se os jogadores, que perderam dinheiro e o jogo, não estão chorando, porque vai você chorar?".

Essa frase dela doeu mais do que a desclassificação do meu time. Mas só doeu mais porque é a mais dura, cruel e indecorosa realidade do nosso futebol.

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Embora seja um apaixonado pelo futebol eu não sou ingênuo e, creio que a esta altura do campeonato, ninguém mais seja. Não é de hoje que sabemos que aquilo que movimenta todos os clubes de futebol, sejam do Brasil, sejam no exterior, são os cifrões, a grana e não mais o amor pela camiseta. Aparentemente, não há amor de jogador pela camisa que resista a alguns zeros a mais no contracheque.

E é justamente por causa desta paixão – que, como toda paixão, é cega, burra, surda e completamente louca – que torcedor nenhum entende quando, por exemplo, um jogador-ídolo de seu clube, que há pouco tempo atrás jurava paixão incondicional, troque-o na maior cara de pau só por causa de alguns reais a mais no final do mês.

E o que mata o torcedor é que este mesmo jogador, que largou o time pelo qual se dizia apaixonado por causa de um salário maior, já está mais cheio de dinheiro do que seu cofre é capaz de suportar. Ou seja: nem precisaria se vender. Se vendeu porque quis; se vendeu porque é, indiscutivelmente, um pilantra.

Mesmo todos nós entendendo que por detrás de um time de futebol haja uma empresa, ainda é a paixão que mantém os torcedores – e são esses torcedores quem mantém os seus times. Mas, por mais que eu entenda e acredite que um time de futebol é, sim, uma empresa, e que precisa ser administrada como tal, seria pedir demais querer um pouco de decência, de ética, ou um mínimo de respeito pelo amor que os torcedores têm, não apenas pelo seu time, mas tambem pelo futebol?

É, estou falando de Ronaldinho Gaúcho (gaúcho?) e, mesmo não sendo eu dos pampas, estou, neste exato momento, com pena do torcedor gremista. Todos nós sabemos que amor e negócios não casam bem. Amor é amor e negócio é negócio, são fatos. Porém, digam o que quiserem, para mim, Ronaldinho estará sempre devendo aos gremistas.

3 Comentários:

Claudinha disse...

Neto, faço de tuas palavras as minhas (3º e 4º parágrafos). Sou gremista de assistir o sujeito citado no campo. Ele segue os ditos de seu irmão, que infelizmente foi e é seu referencial familiar.
Os jogadores não são os únicos corrompidos na "empresa" Clube de Futebol. Os dirigentes ao movimentarem milhões, contribuem para corromper jovens oriundos de classe baixa e com talento para o esporte.
E parece que ter muuuito dinheiro é realmente a maior paixão deles, diferente dos torcedores ao amargar por seus times - ainda assim pagando cada tostão para assiti-los.

Fábio Mayer disse...

Eu continuo torcendo pela instituição Coritiba, mas faz muito tempo que não alimento o sentimento de ter ídolos em campo, porque jogador de futebol não tem clube, tem apenas interesses.

Garotos de 21 anos que formados em clubes e com contratos em vigência, resolvem peitar os diretores dizendo que não querem mais jogar em a ou b, porque têm propostas da Europa, há pelo menos 3 casos destes só aqui nos times de Curitiba neste início de ano.

Mas a culpa é dos dirigentes que aceitam pagar salários de 6 dígitos para jogadores médios e 5 dígitos para jogadores ruins. E isso está minando as estruturas do esporte, porque até o Barcelona, clube mais rico do mundo, está fazendo empréstimos para colocar suas contas em ordem... o resultado é que o futebol está voltando a ser esporte de elite: ingressos para o campeonato paranaense em Curitiba, não saem por menos de R$ 60,00 e mesmo assim os clubes não aguentam os custos da atividade. O público está minguando, o aumento de receitas é apenas fantasioso em vista do fato de que as despesas crescem muito mais.

Só um basta, um teto salarial obervado rigorosamente pelos clubes, vai salvar o futebo, de virar um esporte para milionários em estádios suntuosos...

Arthur disse...

Em 2014, Ronaldinho terá 34 anos. Se for convocado será sua última copa do mundo. É bom que esse dentuço comece a jogar bola pra valer senão vai ser lembrado somente o fim lamentável de sua "carreira/marketing" como jogador.

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